Durante as próximas semanas, e especialmente todo o mês de dezembro de 2025 e janeiro de 2026, o sétimo planeta do sistema solar vai oferecer o espetáculo mais acessível dos últimos anos. Está em oposição desde 21 de novembro, ou seja, encontra-se exatamente em frente ao Sol visto da Terra, o que significa brilho máximo, visibilidade toda a noite e o disco mais “cheio” possível. É a oportunidade de ouro para ver a olho nu ou com equipamento simples aquele mundo azul-turquesa que parece desafiar todas as leis da física.
Por que é o planeta mais frio mesmo estando mais perto do Sol do que o vizinho
Regista temperaturas médias de −224 °C na camada superior de nuvens, menos que qualquer outro planeta do sistema solar. A ciência ainda debate as causas exatas, mas as duas principais hipóteses são:
- Inclinação axial extrema de 97,77° – roda praticamente deitado, como se alguém o tivesse derrubado. Isso cria estações de 21 anos terrestres e impede a circulação normal de calor entre polo e equador.
- Um impacto colossal no início da formação do sistema solar que pode ter ejectado quase todo o calor interno original, deixando-o como um núcleo gelado envolto em hidrogénio, hélio e metano. Mesmo recebendo apenas 1/400 da luz solar que chega à Terra, é mais frio que todos os gigantes gasosos juntos.
A descoberta que mudou a história da astronomia para sempre
Em 1781 um astrónomo amador apontou um telescópio caseiro para a constelação de Gémeos e viu um ponto difuso que parecia maior e mais “borrado” que as estrelas ao redor. Pensou que era um cometa. Durante meses acompanhou o movimento e percebeu que a órbita era quase circular e muito lenta. Era um planeta novo, o primeiro descoberto com telescópio na história da humanidade. Pelo menos duas dezenas de astrónomos tinham-no observado antes, mas o brilho fraco fez com que todos o catalogassem como estrela comum. A descoberta dobrou o tamanho conhecido do sistema solar e abriu caminho para a ideia de que podiam existir ainda mais mundos lá fora.
Como encontrá-lo agora mesmo – guia passo a passo
Está na constelação do Touro, a poucos graus do famoso aglomerado das Plêiades e de uma estrela laranja brilhante que serve de referência perfeita.
- A olho nu : aparece como um ponto verde-azulado que não pisca.
- Binóculos 7×50 ou 10×50: transforma-se num pequeno disco perfeito, claramente diferente das estrelas.
- Telescópio pequeno (60–100 mm): revela o tom turquesa intenso e, em noites excelentes, os anéis finos quase verticais.
- Melhores horas: sobe a leste por volta das 19h–20h, atinge o ponto mais alto perto da meia-noite e fica visível até ao amanhecer.
- Condições ideais: céu limpo, longe de poluição luminosa, Lua nova ou crescente.
- Bónus futuro: a 28 de fevereiro de 2026 participa de um alinhamento raríssimo com seis planetas visíveis ao mesmo tempo – perfeito para fotografia.
Por que vale mesmo a pena sair de casa agora
Ver este planeta é tocar com os olhos num mundo que parece desafiar a lógica: gira de lado, tem anéis quase verticais, luas que parecem de fantasia e uma cor que nenhuma foto faz justiça. É um dos poucos objetos do céu profundo que conseguimos ver a olho nu ou com equipamento básico e ainda assim sentir que estamos a espreitar o limite do sistema solar.
Este é, sem exagero, o melhor momento dos próximos anos. Sai das luzes da cidade, leva binóculos ou até só os olhos, procura o ponto verde que parece uma estrela tímida entre as Plêiades e deixa-te surpreender.
Já conseguiste encontrá-lo? Vais tentar esta semana? Conta-nos como foi, partilha a tua foto ou marca quem precisa de saber disto!