Um adulto cabe perfeitamente na palma da mão e pesa apenas 100 gramas, exatamente o mesmo que uma tablete normal de manteiga de 100 g. É o sagui-pigmeu, também conhecido como macaco-de-dedo, o menor primata do planeta e uma das criaturas mais extraordinárias que existem.
Um bebé que nunca cresce
O corpo mede entre 12 e 16 centímetros, menos que um telemóvel comum. A cauda, porém, é mais longa que o corpo inteiro, chegando aos 20 centímetros. Essa cauda funciona como um contrapeso perfeito e quase como um quinto membro, permitindo saltos acrobáticos de ramo em ramo com precisão impressionante. O pelo é castanho-dourado com riscas esverdeadas e manchas que o camuflam completamente contra a casca das árvores, tornando-o praticamente invisível para quem passa por baixo.
Dentes feitos para perfurar madeira
Diferente da maioria dos primatas, que vivem de frutos e folhas, o sagui-pigmeu é viciado em goma de árvore. Possui dentes inferiores longos e afiados que usa para abrir buracos na casca de determinadas espécies. Depois passa horas lambendo a seiva doce e nutritiva que escorre. A goma chega a representar 70 % da sua dieta diária. Quando quer variar o menu, caça pequenos insetos, aranhas, lagartixas minúsculas e, de vez em quando, frutos bem maduros.
Uma família onde todos são pais
Vivem em grupos familiares pequenos, geralmente até nove elementos, mas apenas um casal dominante se reproduz. A gravidez dura cerca de quatro meses e meio e quase sempre nascem gémeos, às vezes até trigémeos. O pai torna-se o principal cuidador: carrega os bebés nas costas desde o primeiro dia, limpa-os, aquece-os e só os entrega à mãe para amamentar. Os irmãos mais velhos também ajudam, carregando os recém-nascidos sempre que o pai precisa descansar. Esta cooperação total é essencial: um bebé pesa 15 % do peso da mãe, equivalente a uma mulher carregar uma criança de 10 kg nas costas o dia inteiro.
Vozes que ecoam pela floresta inteira
Apesar do tamanho minúsculo, são extremamente barulhentos. Emitem assobios agudos que chegam a dois quilómetros na floresta densa, trinados, cliques rápidos e até sons que parecem de pássaros. Cada tipo de som tem um significado diferente: chamar o grupo, avisar de predador no chão, avisar de predador no ar, marcar território ou simplesmente dizer “estou aqui”. Quando um membro deteta perigo, todo o grupo desaparece em segundos entre as folhas.
Vida cheia de perigos
Ser tão pequeno tem um preço alto. Águias, gaviões, falcões, cobras arborícolas, jaguatiricas e gatos-do-mato estão sempre à espreita. A única defesa é a velocidade, a camuflagem perfeita e o trabalho em equipa: quanto mais olhos vigilantes, mais rápido se foge.
Em risco de desaparecer
As duas variedades estão classificadas como vulneráveis. A população já diminuiu significativamente nas últimas décadas devido à desflorestação e à captura ilegal para o comércio de animais de estimação. Como dependem de árvores específicas para obter goma, a queda de apenas algumas árvores pode condenar um grupo inteiro à fome.
Curiosidades que surpreendem
- Nascem com olhos abertos e pelo completo
- Rodam a cabeça quase 180 graus, como corujas
- Conseguem saltar dois metros de distância
- Vivem até 12 anos na natureza, quase o dobro em cativeiro
- Usam sons diferentes chamamentos para predadores terrestres ou aéreos
- Dormem enrolados uns nos outros para conservar calor
- As fêmeas dominantes suprimem a ovulação das outras fêmeas do grupo
Apesar de pesar menos que um pacote de açúcar, o sagui-pigmeu é um verdadeiro mestre da sobrevivência. Com inteligência, cooperação familiar impressionante e adaptações únicas, conquistou um lugar especial na floresta tropical. Quando ouvires um assobio fininho e agudo no meio da selva, pode ser um destes pequeninos a dizer “olá” ou a avisar a família que alguém grande está por perto.