Começas com uma mota vermelha meio gasta, uma caixa térmica no porta-bagagens e uma lista de moradas escrita à mão. As estradas são estreitas, ladeadas por árvores que brilham de leve ao pôr do sol. O céu muda de cor conforme o teu estado de espírito: laranja quando estás calmo, roxo quando estás pensativo. Não há minimapa nem contador de pontos. Só tu, o ronco suave do motor e o cheiro imaginário de massa acabada de sair do forno.
Cada porta é uma vida que se abre de repente
O primeiro cliente é um senhor idoso que abre a porta com as mãos a tremer e te pede para entrar porque “há anos que ninguém se senta à minha mesa”. A miúda do terceiro andar desenha monstros gigantes nas paredes e mostra-te o desenho dela preferido antes de aceitar a pizza. O músico do prédio abandonado toca uma melodia inacabada enquanto come uma fatia fria. A mãe solteira que te pede para esperar um minuto porque o bebé acabou de adormecer e precisa de desabafar com alguém. Ofereces a pizza, sentas-te no degrau ou na beira do sofá e eles começam a falar. De repente estão a contar segredos, medos, sonhos que guardavam há décadas. E tu, entre dentadas de margherita e pepperoni, começas a juntar os pedaços da tua própria história.
Puzzles que são desculpas para parar e olhar
Alinhas os ingredientes na caixa para desbloquear uma memória perdida. Juntas três pedaços de conversa para abrir um portão escondido. Usas o reflexo da lua numa poça para descobrir o caminho certo. Os enigmas são leves, quase poéticos. Servem para te obrigar a abrandar, a olhar para os detalhes, a ouvir o vento nas folhas. Não há penalização por errar. Só o convite para respirar fundo e continuar.
A banda sonora que parece feita para a tua alma
O ronco da mota, o vento nas árvores, passos distantes, risos que vêm de janelas abertas. De vez em quando uma guitarra acústica aparece quando alguém se abre contigo. Um piano suave quando a conversa fica mais pesada. Os gráficos low-poly coloridos parecem um sonho acordado que não precisa de 4K para ser lindo. Roda perfeitamente em qualquer PC médio e fica deslumbrante em consola.
Quatro a seis horas que valem por uma vida inteira
Terminas a história principal e sentes que conheceste pessoas de verdade. Depois voltas só para revisitar quem te marcou mais, para ouvir diálogos que te escaparam na primeira vez, para ver o pôr do sol noutra rua que tinhas ignorado. Há finais diferentes dependendo de quanto paraste para ouvir. Há segredos que só descobres na terceira ou quarta visita à mesma casa.
Para quem gosta de sentir em vez de competir
Não é para quem procura tiros, leaderboards ou grind infinito. É para quem acredita que uma conversa de cinco minutos à porta de casa pode mudar o dia de alguém ou até a vida inteira.
O jogo que chegou em silêncio e já conquistou tudo
“A Pizza Delivery” chegou sem grande campanha, mas está a tornar-se o jogo mais partilhado nas redes por quem o jogou. Capturas de ecrã de diálogos emocionantes, vídeos de pessoas a chorar no final, mensagens de “obrigado por me lembrar que ainda vale a pena parar”. Porque no meio de tanto caos digital, às vezes o que mais falta é alguém que bata à porta, ofereça uma fatia de pizza quente e simplesmente pergunte: “como estás hoje?”
Já tens a mota pronta para a próxima entrega? Joga e depois vem contar-nos qual foi a personagem que mais te marcou e porquê.