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O que significa, do ponto de vista da psicologia, estar sempre a adiar o despertador?

Este comportamento é muito mais comum do que se pensa e quase sempre é rotulado de “preguiça”. A verdade é bem diferente: tem raízes emocionais profundas e está diretamente ligado à qualidade do descanso.

Não é preguiça – é o corpo a tentar compensar

Quando o sono da noite foi curto ou fragmentado, o cérebro acorda ainda em modo repouso profundo. Surge a inércia do sono: confusão, peso nos membros e lentidão mental que faz o botão de soneca parecer a única salvação possível. A soneca parece ajudar, mas na realidade corta ciclos que estavam a começar e deixa-te ainda mais grogue.

A dívida de sono acumulada é a grande culpada

Ir para a cama tarde, acordar várias vezes, luz azul até tarde, horários diferentes ao fim de semana – tudo destrói os ciclos completos de sono. De manhã o corpo tenta desesperadamente recuperar esses pedaços perdidos e transforma a soneca num hábito quase automático. Com o tempo cria-se um condicionamento: o cérebro aprende que dormir em fragmentos é aceitável e passa a pedir sempre mais.

O stresse emocional que ninguém menciona

O despertador toca e o primeiro pensamento é “hoje vai ser pesado”. Surge ansiedade de antecipação: o dia parece uma montanha de tarefas e problemas. A soneca funciona como micro-fuga emocional: mais 9 minutos = menos 9 minutos de realidade. É o cérebro a proteger-te do stresse que já prevê antes de abrires os olhos.

O que dizem os estudos mais recentes

Estudos publicados entre 2022 e 2025 mostram resultados surpreendentes. Em pessoas que já têm o hábito da soneca, ela pode reduzir a confusão matinal e melhorar o alerta logo após acordar. Num laboratório, voluntários que usaram soneca acordaram com melhor cognição e menos inércia do sono. Outra investigação com milhões de noites registadas por apps concluiu que mais de metade das pessoas usa soneca e que, para quem tem sono insuficiente, ela ajuda na transição para o dia sem perda significativa de descanso total. Em certos casos, a soneca até reduz o stresse do despertar abrupto e não afeta negativamente o humor nem os níveis de cortisol.

Os cinco gatilhos principais que alimentam o hábito

  • Inércia do sono prolongada quando o descanso foi insuficiente
  • Ansiedade ou stresse esperado para o dia que aí vem
  • Sono de má qualidade (deitar tarde, interrupções noturnas, horários irregulares)
  • Condicionamento: o corpo habitua-se a dormir em pedaços
  • Ritmo circadiano desregulado

O pequeno ato que revela o teu estado emocional

Para muitas pessoas o toque do despertador não é “bom dia”, é uma interrupção brutal. Nesse primeiro segundo o cérebro avalia rapidamente o estado emocional e físico. Quando a resposta é “não estou preparado”, a soneca torna-se um pequeno ato de autoproteção. Parece insignificante, mas revela o grau de cansaço e a carga emocional que carregas.

Estar sempre a adiar o despertador não é defeito de caráter. É apenas um indicador sincero de que algo não está bem com o corpo, com a mente ou com a rotina. Hoje mesmo podes começar a mudar: deita-te 15–30 minutos mais cedo, coloca o telemóvel fora do alcance da cama, mantém horários mais regulares e cria uma pequena recompensa matinal que te dê vontade de sair do quarto. Em poucos dias vais acordar com energia real e provavelmente vais conseguir levantar-te ao primeiro toque. Depois volta aqui e conta-nos se finalmente conseguiste – o teu dia merece começar leve, e tu mereces esse descanso verdadeiro.

Sou jornalista e adoro transformar pequenas descobertas do dia a dia em artigos práticos e inspiradores. Viajar, cuidar do jardim e experimentar novas ideias para a casa são as minhas maiores paixões. Neste blog partilho truques, conselhos e curiosidades que ajudam a viver de forma mais simples, organizada e feliz.

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