A adolescência é uma fase de descobertas e transformações intensas. O corpo muda, as emoções oscilam e as relações sociais ganham grande importância. Nesse período, a autoestima é extremamente sensível. Muitos adolescentes sentem-se inseguros, incapazes ou dependentes da aprovação alheia. O desafio dos pais é encontrar o equilíbrio entre proteção e liberdade, permitindo que o jovem enfrente desafios sem perder apoio e segurança emocional.
Por que a superproteção prejudica
Quando os pais tentam controlar cada passo do adolescente, ele recebe uma mensagem implícita: “Não confio em você para tomar suas próprias decisões”. Mesmo com boas intenções, esse comportamento pode gerar dependência e medo de errar. O adolescente aprende a não confiar em si mesmo e a buscar constantemente validação externa. A confiança verdadeira, no entanto, se constrói quando ele experimenta a responsabilidade e percebe que consegue lidar com as consequências de suas escolhas.
Permitir que o adolescente cometa erros não significa negligência. Trata-se de fornecer oportunidades para ele experimentar, refletir e aprender. Cada situação desafiadora vivida de forma segura ajuda o jovem a internalizar: “Posso lidar com isso. Mesmo se falhar, consigo seguir em frente”. Essa percepção constante constrói a base da autoestima e da segurança emocional.
Acompanhar sem resolver
Uma abordagem muito eficaz na psicologia é chamada de “frustração controlada”. Ela consiste em permitir que o adolescente enfrente dificuldades reais, mantendo um nível adequado de suporte emocional. Não é deixar sozinho nem assumir todas as responsabilidades, mas estar presente de forma equilibrada.
Na prática, se o adolescente esquecer de estudar para uma prova, ele deve enfrentar as consequências naturais, como uma nota baixa, em vez de os pais resolverem tudo. Após isso, é possível conversar sobre como melhorar na próxima vez. Se ele cometer um erro em alguma tarefa doméstica, como esquecer de organizar algo, o ideal é perguntar: “O que você faria diferente da próxima vez?” em vez de corrigir imediatamente. O foco está em aprender, não em atingir a perfeição.
Transformando erros em aprendizado
Os erros não são falhas pessoais, mas oportunidades de crescimento. Quando os pais ajudam o adolescente a refletir sobre o que aconteceu e como agir de forma diferente, ele desenvolve responsabilidade, resiliência e autoconfiança. Compartilhar experiências próprias de erros e aprendizados também é eficaz, pois mostra que todos enfrentam dificuldades e que é possível superá-las sem perder autoestima.
O papel dos pais na construção da confiança
Ser pai ou mãe não é resolver todos os problemas, mas criar um ambiente seguro e estimulante. O equilíbrio entre presença e autonomia é essencial. Por exemplo, se o adolescente se desentender com um amigo, os pais podem ajudá-lo a pensar em soluções e estratégias de comunicação, sem interferir diretamente na situação. Quando o jovem percebe que seus pais confiam em sua capacidade de decidir, ele se sente mais seguro e motivado a agir por conta própria.
Construindo autoestima sólida
A autoestima verdadeira não depende de elogios constantes ou resultados perfeitos. Ela surge quando o adolescente entende que pode cometer erros e ainda assim ser valorizado e amado. Essa compreensão fortalece o seu senso de valor próprio e promove independência emocional.
Permitir que o adolescente explore, erre e aprenda de forma segura é essencial para desenvolver uma autoestima duradoura. O suporte dos pais, aliado à liberdade de ação, cria jovens confiantes, capazes de enfrentar desafios e de crescer com cada experiência vivida.
A confiança internalizada transforma o medo de errar em motivação para aprender. Quando o adolescente sente que pode agir, experimentar e ainda receber apoio, sua autoestima deixa de depender de resultados externos e passa a ser sustentada por sua própria percepção de valor. Esse é o início de uma maturidade emocional sólida, baseada em experiências, aprendizado e confiança.
