Como a Ascensão da Tecnologia Verde Está a Alimentar Outra Crise Ambiental

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A transição energética global para fontes renováveis, como veículos elétricos e armazenamento de energia solar, está a impulsionar a procura por lítio, um metal essencial para baterias. No entanto, a mineração de lítio no Salar de Atacama, no Chile, está a causar uma crise ambiental, agravando a escassez de água e ameaçando ecossistemas e comunidades indígenas. Este texto, baseado no artigo da BBC de Ione Wells (29 de setembro de 2025) e dados da web, explora este dilema com um tom leve e envolvente, otimizado para o Google Discover e adaptado para os portugueses fãs de tecnologia na Comic Con Portugal e MEO XL Games.

A Crise no Salar de Atacama

O Salar de Atacama, no coração do deserto mais seco do mundo, contém as maiores reservas de lítio globais. Raquel Celina Rodriguez, da comunidade indígena Lickanantay, lamenta a transformação da Vega de Tilopozo, outrora verde, num terreno seco e rachado. A mineração de lítio, liderada por empresas como a SQM e a Albemarle, extrai salmoura de aquíferos subterrâneos, evaporando grandes quantidades de água – cerca de 600.000 litros por tonelada de carbonato de lítio, segundo a Euractiv. Num deserto com menos de 2 mm de chuva anual, este processo intensifica a seca, afetando a agricultura e a criação de animais. Como a Ascensão da Tecnologia Verde Está a Alimentar Outra Crise Ambiental

Faviola González, bióloga da comunidade, observa uma redução nas lagoas da Reserva Nacional Los Flamencos, lar de 185 espécies de aves, incluindo flamingos andinos, cuja reprodução caiu devido à menor disponibilidade de microorganismos, impactando a cadeia alimentar. Um estudo da Universidade do Chile (2023) revelou que a extração de salmoura causa subsidência (afundamento do terreno) de 1-2 cm por ano, comprometendo a permeabilidade do solo e a capacidade de reter água. A NRDC (2022) relatou que 30% das árvores algarrobo morreram em áreas mineradas pela SQM, embora a empresa afirme que os números estão a aumentar.

Impactos nas Comunidades Indígenas

A procura por lítio duplicou de 95.000 toneladas em 2021 para 205.000 em 2024, segundo a IEA, com previsões de atingir 900.000 toneladas até 2040, principalmente para baterias de carros elétricos. No entanto, as comunidades Lickanantay, como as de Peine, enfrentam escassez de água potável e mudanças nos sistemas de abastecimento. Sergio Cubillos, líder da comunidade, destaca que a mineração extrai milhões de metros cúbicos de água desde os anos 80, enquanto decisões são tomadas em Santiago, longe do impacto local. A falta de consulta prévia e informada, exigida pela ONU, intensifica tensões, com comunidades a exigir maior partilha de lucros ou a oporem-se à expansão, como no caso do projeto Minera Salar Blanco em Maricunga, em recurso judicial. Como a Ascensão da Tecnologia Verde Está a Alimentar Outra Crise Ambiental

Tentativas de Mitigação

As empresas mineradoras afirmam estar a responder. Valentín Barrera, da SQM, destaca tecnologias como a extração direta de lítio (DLE), que evita piscinas de evaporação, e a reinjeção de água, com um piloto em Antofagasta a recuperar 1 milhão de metros cúbicos. No entanto, Faviola teme que o Salar seja um “laboratório natural” para testes sem garantias de longo prazo. Um relatório da Mongabay (2025) considera a perda de água por evaporação “irreversível” e alerta para riscos em ecossistemas frágeis. A Estratégia Nacional de Lítio do Chile, lançada em 2023, promete diálogo com comunidades e tecnologias sustentáveis, mas os locais permanecem céticos.

Um Dilema Global

A mineração de lítio ilustra um paradoxo: a solução para a crise climática pode agravar outros problemas ambientais. Karen Smith Stegen, da Constructor University, defende avaliações de impacto social desde o início, enquanto Daniel Jimenez, da iLiMarkets, argumenta que as queixas ambientais são exageradas por comunidades em busca de compensações financeiras. No entanto, Sara Plaza rejeita o dinheiro: “Prefiro viver da natureza e ter água.” Para os portugueses na Comic Con Portugal, é como escolher entre um gadget como o Meta Quest 3 (519€) e a preservação de um ecossistema – o custo é alto. A solução exige equilíbrio: tecnologias como a DLE, regulamentações mais rigorosas e respeito pelas comunidades indígenas para garantir que a transição verde não crie novas crises.

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Sou jornalista especializada em ciência e tecnologia, com foco em inovações digitais, internet das coisas e tendências do mundo IT. Acompanho de perto a forma como a tecnologia transforma o nosso quotidiano — desde novas descobertas científicas até soluções práticas que já fazem parte da nossa rotina. Nesta rubrica partilho notícias, análises e reflexões que unem rigor jornalístico e uma linguagem acessível, ajudando a compreender o presente e a preparar-se para o futuro.
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