Em 2016, Elon Musk prometeu que, em dois anos, os Tesla poderiam atravessar os EUA de forma autónoma, viajando de Los Angeles a Nova Iorque com um simples comando. Quase uma década depois, dois influencers da Tesla, conhecidos como Bearded Tesla Guy e o seu amigo, decidiram testar o sistema Full Self-Driving (Supervised) num Tesla Model Y Juniper, planeando uma viagem de costa a costa de 4.000 km. No entanto, apenas 96 km após o início, na Califórnia, o sistema falhou ao não detetar um obstáculo na estrada, resultando num acidente que danificou o veículo. Este incidente, amplamente discutido em posts no X a 23 de setembro de 2025, reacende o debate sobre as limitações do Full Self-Driving (FSD) da Tesla. Aqui está tudo o que precisas de saber.
O Acidente: Um Obstáculo Invisível para o FSD
O acidente ocorreu numa autoestrada da Califórnia, conforme mostrado num vídeo partilhado por Bearded Tesla Guy e destacado pela Electrek. Enquanto conduziam, os ocupantes notaram um objeto na estrada, inicialmente confundido com um animal, mas que se revelou uma peça metálica, provavelmente desprendida de um camião. Apesar de ser visível a olho nu, o sistema FSD, que depende exclusivamente de câmaras, não detetou o obstáculo nem tentou travar ou desviar-se. O Tesla Model Y Juniper passou por cima do objeto a alta velocidade, elevando-se do chão e sofrendo danos na barra estabilizadora e na suspensão, com custos de reparação estimados em 10.000 dólares, segundo um caso semelhante relatado no X.
No vídeo, o passageiro exclamou: “Estou sem palavras com o que acabou de acontecer. Absolutamente sem palavras.” O condutor assumiu o controlo após o impacto, parando o veículo em segurança, sem feridos. O incidente foi reportado à polícia, mas a Tesla atribui a responsabilidade ao condutor, já que o FSD é um sistema de Nível 2 que exige supervisão constante.
Limitações do Sistema de Câmaras da Tesla
O acidente expõe as fragilidades do sistema “vision-only” da Tesla, que rejeita sensores como lidar e radar, considerados por Elon Musk como “muletas” desnecessárias. Especialistas, como Jeff Schuster da GlobalData, apontam que as câmaras da Tesla têm dificuldades em condições de pouca visibilidade, como reflexos solares ou nevoeiro, ao contrário de sistemas concorrentes usados por empresas de robotaxis, como a Waymo, que integram lidar. Este caso ecoa outros incidentes, como:
- Um Tesla Model Y que colidiu com um peão em Rimrock, Arizona, em 2023, devido a reflexos solares.
- Um Model 3 que embateu num camião tombado em Taiwan em 2020, com o condutor a confiar no FSD para travar automaticamente.
Posts no X, como de @RealDanODowd, criticam a Tesla por ocultar detalhes de acidentes com robotaxis em Austin, sugerindo que a empresa teme expor as falhas do FSD.
Contexto: Investigação Federal e Segurança do FSD
A National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) abriu uma investigação em outubro de 2024 sobre 2,4 milhões de veículos Tesla com FSD, após quatro acidentes em condições de baixa visibilidade, incluindo uma morte em Rimrock. Até agosto de 2023, a NHTSA registou 956 acidentes com o FSD ou Autopilot, incluindo 29 mortes e 211 colisões frontais com obstáculos visíveis. A agência questiona a capacidade do sistema de detetar e reagir a obstáculos, especialmente em alta velocidade ou com má visibilidade. Um exemplo semelhante ocorreu em maio de 2016, quando um Tesla Model S colidiu com um camião em Florida, resultando na morte do condutor Joshua Brown.
Porquê Importante?
Para os fãs portugueses de tecnologia e automóveis, que acompanham inovações em eventos como a MEO XL Games, este incidente é um alerta sobre os limites da condução autónoma. O fracasso do FSD aos 96 km, numa viagem que deveria mostrar o seu potencial, reforça as críticas à abordagem “vision-only” da Tesla. Embora a empresa tenha patenteado avanços em mapeamento 3D com câmaras, incidentes como este mostram que o sistema ainda não é confiável em cenários imprevisíveis. Com a Tesla a planear robotaxis sem supervisão para 2026, segundo Musk, a pressão por maior segurança aumenta. Para já, este acidente é um lembrete de que, mesmo com promessas ambiciosas, o FSD exige atenção constante do condutor.