Usar ferramentas de inteligência artificial (IA) como ChatGPT, Microsoft Copilot ou Google Gemini para planear viagens está na moda, com 30% dos viajantes internacionais a recorrer a estas plataformas, segundo um inquérito da BBC. No entanto, estas ferramentas podem criar itinerários com erros graves ou destinos inexistentes, levando a frustrações ou até perigos. Este texto explora as armadilhas das alucinações da IA, com histórias reais e dicas para viajantes portugueses apaixonados por tecnologia na Comic Con Portugal e MEO XL Games.
Destinos Imaginários, Perigos Reais
No Peru, dois turistas planearam uma caminhada até ao “Sacred Canyon of Humantay”, sugerido pelo ChatGPT. Miguel Angel Gongora Meza, da Evolution Treks Peru, revelou que o local não existe – uma mistura de nomes sem relação com a descrição fornecida. Os viajantes gastaram 143€ (160 dólares) para chegar a uma estrada rural perto de Mollepata, sem guia ou destino. Gongora alerta que, a 4.000 metros de altitude, sem oxigénio ou sinal de telemóvel, este erro poderia ser fatal devido às condições extremas dos Andes.
Outro caso envolveu Dana Yao, que ficou retida no topo do Monte Misen, no Japão, após o ChatGPT indicar que o último teleférico descia às 17:30 – mas já estava fechado. Um artigo da BBC (2024) relata que a ferramenta Layla sugeriu uma Torre Eiffel em Pequim e um itinerário de maratona no norte de Itália, impraticável por passar mais tempo em transportes do que em atividades. Um inquérito de 2024 mostrou que 33% dos utilizadores receberam informações falsas, e 37% notaram falta de detalhes.
Porquê os Erros?
Rayid Ghani, da Carnegie Mellon University, explica que modelos de linguagem como o ChatGPT geram respostas baseadas em padrões estatísticos de texto, sem compreender o mundo físico. Não distinguem entre conselhos de viagem e receitas, criando alucinações – respostas plausíveis, mas falsas. Por exemplo, podem confundir um passeio urbano com uma escalada de 4.000 metros. Um caso relatado pela Fast Company envolveu um casal que viajou para um teleférico na Malásia, visto num vídeo do TikTok gerado por IA, que simplesmente não existia.
Impactos na Experiência de Viagem
Javier Labourt, psicoterapeuta, alerta que estas falhas podem minar os benefícios das viagens, como empatia e conexão cultural, ao criar expectativas falsas. A IA também está a borrar a linha entre realidade e ficção: em 2025, o YouTube foi criticado por alterar vídeos sem permissão, e a Netflix enfrentou polémica por distorções em sitcoms dos anos 80 e 90, segundo a HuffPost. Para viajantes, isso significa confiar menos em sugestões automáticas.
Regulamentações e Cuidados
A UE e os EUA propõem marcas d’água em conteúdos gerados por IA para identificar falsificações, mas Ghani nota que mitigar é mais viável que prevenir, já que alucinações são inerentes, conforme Sundar Pichai, CEO da Google. Ferramentas como o Fact Checker da Originality.AI ajudam, mas Ghani recomenda perguntas específicas e verificação rigorosa. Em Portugal, onde a MEO XL Games celebra inovações, usar IA como ponto de partida exige dupla verificação.
Viajar com Inteligência
A IA é útil para ideias iniciais, como comparar preços de voos ou hotéis, mas falha em atualizações em tempo real. Labourt sugere transformar imprevistos em aventuras, mantendo a mente aberta. Para os fãs da Comic Con Portugal, planear com IA é como equipar um gadget como o Meta Quest 3 (519€) – empolgante, mas exige cautela. Verifica tudo, e a tua viagem será uma história épica!